Luísa Todi

Retrato de Luísa Todi, Élisabeth Louise Vigée-Lebrun (1755–1842), óleo s/ tela, c. 1789 / 1785. Museu Nacional da Música.

Nasceu em Setúbal, no dia 9 de Janeiro de 1753, na casa nº 49-51 da Rua de Coina (actual Rua da Brasileira), na freguesia de Nossa Senhora da Anunciada, concelho de Setúbal. Era filha de Manuel José de Aguiar, professor de música e instrumentista, e de Ana Joaquina de Almeida.

Luísa Todi começou a sua carreira no teatro musical, aos catorze anos, no Teatro do Conde de Soure, em "Tartufo", de Molière. Com a sua irmã mais velha, Cecília Rosa de Aguiar (23 de Agosto de 1746 -?), cantou em óperas cómicas.

Casou na Igreja Paroquial das Mercês, a 28 de Julho de 1769, em Lisboa, com o compositor e primeiro-violinista Napolitano e seu grande admirador, Francesco Saverio Todi (c. 1745 - 1803).

Aprendeu canto com o compositor David Perez (1711 — 1778), muito conceituado mestre de capela da corte Portuguesa. Ao marido deveu o aperfeiçoamento e a dimensão internacional que a levariam a todas as cortes da Europa, como cantora lírica.

Estreou-se em 1771 na corte da futura rainha D. Maria I e do seu marido, D. Pedro, cantou no Porto entre 1772 e 1775. Durante esse período aí nasceu o seu primeiro filho João Todi em 1772, e, em 1773, a sua primeira filha Ana José Todi. Em 1775 nasceria em Guimarães a sua filha Maria Clara Todi e, em 1777, em Aranjuez, Espanha, o seu filho Francisco Xavier Todi.

Em 1777, parte para Londres, para actuar no King's Theatre.

Em 1778, está em Paris, onde a 22 de Novembro nasceria a sua filha Adelaide Antónia Todi, em Versalhes. Em 1780 é aclamada no Teatro Real de Turim, onde assinou um contrato como prima-dona, e em 1780 era já considerada pela crítica como uma das melhores vozes de sempre. Nessa cidade veio a nascer o seu filho Leopoldo Rodrigo Ângelo Todi a 24 de Novembro de 1782.

Brilhou na Áustria, na Alemanha e na Rússia. Veio a Portugal em 1783 para cantar na corte da rainha D. Maria I. Regressou a Paris, tendo ficado célebre o «duelo» com outra cantora famosa, Gertrud Elisabeth Mara, que dividiu a crítica e o público entre todistas e maratistas.

Convidada, parte com o marido e filhos para a corte de Catarina II da Rússia, em São Petersburgo (1784 a 1787), que a presenteou com jóias fabulosas. Em agradecimento o casal Todi escreveu para a imperatriz o libreto da ópera Pollinia. As suas relações com Catarina II, contudo, azedaram, porque Luísa se achava mal remunerada e a czarina achava as suas exigências exorbitantes. Em 1787, Luísa Todi deixou a Rússia em direcção a Berlim, sem se despedir da sua mecenas.

Berlim tinha aplaudido Luísa Todi quando ia a caminho da Rússia e, no regresso, foi convidada por Frederico Guilherme II da Prússia, que lhe ofereceu aposentos no palácio real, carruagem e os seus próprios cozinheiros, além de um principesco contrato, tendo ali permanecido de 1787 a 1789.

Diversas cidades alemãs a aplaudiram como Mogúncia, Hanover e Bona, onde Beethoven a terá ouvido. Cantou ainda em Veneza, Génova, Bérgamo, no Ducado de Milão, e Turim.

De 1792 a 1796 encantou os Madrilenos novamente.

Em 1793 vem à corte de Lisboa por ocasião do baptizado de mais uma filha do herdeiro do trono, o futuro D. João VI, casado com D. Carlota Joaquina. A cantora precisou de uma autorização especial para cantar em público, o que era então proibido às mulheres.

Em 1799 terminou a sua carreira internacional em Nápoles.

Regressou a Portugal e cantou ainda no Porto, em 1801, onde enviuvou, em Santo Ildefonso, na Rua Nova de Almada, a 28 de Abril de 1803, altura em que se aposenta de vez, tendo usado roupa de luto até ao fim dos seus dias.

Viveu naquela cidade, onde viria a perder as suas famosas jóias no trágico acidente da Ponte das Barcas, por ocasião da fuga das invasões Francesas pelos exércitos de Napoleão, em 1809. A família de Todi foi, no entanto, presa, mas com a ajuda do General Soult, que a reconheceu como "a cantora da nação", obtiveram protecção.

Viveu em Lisboa, de 1811 até ao final da sua vida, consta que, com dificuldades económicas e, a partir de 1823, completamente cega.

Luísa Todi morreu em Lisboa, no dia 1 de Outubro de 1833, aos 80 anos de idade, após ter sido vítima de um acidente vascular cerebral em Julho daquele ano, tendo sido sepultada no cemitério paroquial da Igreja da Encarnação, perto do Chiado. A área do cemitério ficou por baixo das fundações do edifício construído por trás da Igreja, debaixo do número 78 da Rua do Alecrim.

Apesar de vários pedidos de entusiastas e descendentes, uma das maiores cantoras Portuguesas de todos os tempos jaz, hoje em dia, sob o pavimento de uma cave obscura (conforme testemunho citado por Mário Moreau do proprietário da Chapelaria que aí havia).

A sua cidade natal, Setúbal, erigiu um monumento com a sua efígie e deu o seu nome a uma das principais artérias da cidade, a Avenida Luísa Todi.

Luísa Todi, que tinha a capacidade invulgar de cantar com a maior perfeição e expressão em Francês, Inglês, Italiano e Alemão, é considerada a meio-soprano Portuguesa mais célebre de todos os tempos.

No seu Tratado da Melodia, o compositor e teórico da música Anton Reicha (1770 –1836), considera Luísa Todi como «a cantora de todas as centúrias» melhor dizendo «uma cantora para a eternidade».

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